Hoje, o Brasil inteiro celebra o Carnaval, a maior festa popular do país. Em Salvador, a capital da Bahia, milhões de pessoas se divertem nos circuitos do Pelourinho, da Barra e Campo Grande, seguindo os trios elétricos e os blocos afro. Salvador é considerada a capital mundial do Carnaval, pela sua diversidade cultural e musical.
Mas nem todo o estado da Bahia compartilha dessa alegria. No norte do estado, a cerca de 700 km de Salvador, há uma região chamada Vale do São Francisco, que abriga várias cidades ribeirinhas, como Juazeiro, Petrolina, Sobradinho e Remanso. Essas cidades também têm uma forte tradição carnavalesca, mas com uma peculiaridade: elas realizam as suas festas em datas diferentes da oficial.
Uma das mais famosas era a micareta de Remanso, uma festa que acontecia no mês de maio, atraindo foliões de toda a região e de outros estados. A micareta de Remanso era conhecida pela sua organização, segurança e animação. Grandes atrações musicais, como Ivete Sangalo, Chiclete com Banana, Asa de Águia e Psirico, já passaram pelos palcos da micareta, levantando a poeira e o astral do público.
Mas, infelizmente, essa história mudou nos últimos anos. Desde 2017, a micareta de Remanso deixou de ser realizada, por decisão dos gestores municipais. O ex-prefeito Zé Filho, que tinha como homem forte Pedro Paulo, alegou que a festa era inviável financeiramente, e que a prefeitura não tinha recursos para bancar a infraestrutura e os cachês dos artistas. Além disso, o grupo político de Zé Filho era conhecido por ser mal pagador, deixando dívidas e pendências com fornecedores, funcionários e até mesmo com os próprios músicos.
A população de Remanso ficou revoltada com o fim da micareta, que era um dos principais eventos da cidade, gerando emprego, renda e turismo. Muitos protestos foram feitos, mas sem sucesso. A esperança era que o atual prefeito, Marcos Palmeira, pudesse resgatar a tradição da festa, mas isso também não aconteceu. Marcos Palmeira está no quarto ano do seu mandato, e nunca realizou a micareta, alegando as mesmas dificuldades financeiras do seu antecessor.
O resultado é que Remanso está triste e abandonada, sem a sua maior manifestação cultural. A cidade precisa de um nome novo, sem vício na política, que possa trazer de volta a micareta e fazer Remanso caminhar para frente. A cidade precisa de um gestor que valorize a cultura, a arte e a alegria do seu povo. A cidade precisa de um Carnaval.