A guitarra de Armandinho Macedo não se contenta em tocar melodias. Ela fala. Na noite desta segunda-feira (14), diante do público do Festival A Feira, fez coisas difíceis de acreditar, como pronunciar “Ju-a-zei-ro”. Não com palavras, mas com notas. Um truque de mestre. E o público entendeu: vibrou, respondeu, sorriu.
A apresentação abriu a penúltima noite do festival, que integra as comemorações do aniversário da cidade homenageada por seus solos, em programação promovida pela Prefeitura.
Para Armandinho, esse tipo de comunicação é natural. Filho do criador da guitarra baiana, ele sabe até fazer o instrumento perguntar “tudo bem?” com uma sequência de acordes e ouvir, em troca, a Orla inteira responder “tuuudo!”. A partir daí, o show vira festa: frevo, axé, forró, choro. Nesta noite, o artista tocou e cantou de tudo, sorrindo, dançando, batucando e fazendo todo mundo pular.
Ao fim da apresentação, o artista Keké de Bela subiu ao palco. Não para cantar, mas para homenageá-lo de volta. Entregou quadros pintados à mão: retratos de Armandinho e outro de João Gilberto. Uma reverência à musicalidade que une os dois filhos ilustres da Bahia.
A noite, no entanto, ainda guardava outro espetáculo. Quando Mariana Aydar subiu ao palco, parecia que o tempo parava para observá-la. Surgiu usando um vestido de franjas que balançava a cada passo e fazia parte do show. Era difícil saber o que mais chamava atenção: o figurino colorido, o cabelo solto, os gestos de palco ou a voz forte que preenchia o largo com canções de um forró-pop e MPB.
Com duas estatuetas do Grammy Latino no currículo e uma presença de palco que desafia protocolos, Mariana levou Juazeiro ao transe. Quando anunciou a última música, ouviu o coro inevitável: “mais uma!”, “mais uma!”. E, claro, atendeu. Cantou mais uma, ou talvez mais duas. Ao sair do palco, recebeu o público no camarim, distribuiu abraços, posou para fotos e agradeceu com sinceridade. Tinha muita gente que veio de longe só para vê-la.
“É muito gratificante chegar em lugares que ainda não havíamos chegado. É muito importante estar aqui hoje, principalmente para mim, que canto música do Nordeste. Parece que as coisas se encaixam. Estou muito honrada em estar em Juazeiro, celebrando o seu aniversário”, comentou.
Juazeiro, de tantas vozes e cordas, celebrou seu pré-aniversário em estado de poesia elétrica. Assim foi mais uma noite do Festival A Feira, que ainda contou exposição de artes, carros e gastronomia, além de brinquedos para as crianças e mais. Na dúvida se o show já acabou, a cidade inteira ainda ecoa: mais uma!
Não à toa, a programação continua. Nesta terça-feira (15), o festival ainda recebe shows de Dj Werson e Joyce Guirra, além de um espetáculo de teatro infantil. À noite, na Avenida Adolfo Viana, o público curte o trio elétrico fixo com a presença de Igor Kannário, Pagodança, Paula Brasil e Banda Mirage.
O Festival A Feira integra a programação da prefeitura, em comemoração ao aniversário de Juazeiro, e conta com o patrocínio da Bahiagás e do Governo do Estado da Bahia, por meio do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda.
Configura a programação desta terça-feira
NA ORLA II – Festival A Feira – Das 10h às 14h
11H – Espetáculo teatral Infantil – “As 3 guardiãs das lendas” – Trupe Errante
12h – DJ Werson
14h – Show com Joyce Guirra
NA AVENIDA ADOLFO VIANA / PRAÇA DEDÉ CAXIAS (Trio elétrico fixo)
16h – Paula Brasil
17h – Banda Pagodança
19h – Igor Kannário
21h – Banda Mirage
Texto: Layla Shasta – Ascom PMJ
Fotos: Ana Vitória Nascimento (Anamauê)