Salvador (BA) – O Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT-5) anunciou o encerramento do Regime Especial de Execução Forçada (REEF) contra a Plascalp Produtos Cirúrgicos Ltda., antiga fabricante baiana de seringas e materiais hospitalares. Com isso, chega ao fim um processo que se estendeu por quase duas décadas e resultou no pagamento integral de R$ 39 milhões em dívidas, beneficiando 951 trabalhadores e 707 credores.
Segundo o TRT-BA, R$ 36 milhões foram destinados diretamente aos ex-funcionários, enquanto o restante cobriu encargos previdenciários, custas judiciais, honorários e tributos. O juiz responsável destacou que não houve deságio e que os cálculos seguiram integralmente as definições das Varas do Trabalho, demonstrando o cumprimento fiel das obrigações pela empresa, mesmo diante de um cenário adverso.
Fundada em Feira de Santana, a Plascalp foi, por décadas, líder nacional na fabricação de seringas, escalpes e agulhas hipodérmicas, chegando a empregar 1.500 trabalhadores e ocupar o 2º lugar nas Américas, atrás apenas da multinacional Becton Dickson (BD).
A crise teve início no começo dos anos 2000, quando a entrada massiva de seringas chinesas vendidas abaixo do custo de produção nacional – prática conhecida como dumping – comprometeu a competitividade da empresa. Mesmo com a adoção tardia de medidas antidumping pelo governo brasileiro em 2009, a Plascalp já havia ingressado em recuperação judicial em 2006, encerrando suas operações e deixando um passivo trabalhista estimado, à época, em R$ 3,8 milhões.
O caso Plascalp tornou-se símbolo dos efeitos do dumping sobre a indústria nacional, evidenciando a necessidade de instrumentos de defesa comercial mais rápidos e eficazes. Apesar da falência, a empresa encerra sua trajetória com todos os créditos trabalhistas quitados, marcando o fim de um ciclo e o reconhecimento da importância de proteger setores produtivos estratégicos do país.


