O prefeito de Juazeiro, Andrei Gonçalves, será um dos três gestores brasileiros a participar da Conferência Nacional de Prefeitos dos Estados Unidos, em Oklahoma, neste mês. O prefeito é, ainda, o único representante das regiões Norte e Nordeste do Brasil no encontro, que vai discutir alternativas para mitigar os efeitos do “tarifaço” imposto por Donald Trump sobre exportações brasileiras.
O convite partiu de lideranças norte-americanas e a conferência, que tradicionalmente discute temas como habitação e combate ao crime dos Estados Unidos, terá neste ano espaço para construção de uma carta que firma um acordo para ações conjuntas contra os prejuízos provocados pelas tarifas nas economias das duas nações.
Além de Andrei, as figuras escolhidas para representar o lado verde e amarelo foram Anderson Farias, prefeito de São José dos Campos, município onde fica a sede da Embraer, e Alexandre Ferreira, prefeito de Franca, polo exportador de calçados para os Estados Unidos. Junto aos três gestores brasileiros, o encontro reunirá cerca de 30 a 40 prefeitos norte-americanos e representantes da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) do Brasil.
Para o prefeito de Juazeiro, a participação reflete a relevância estratégica do município no cenário internacional. A cidade, localizada no sertão baiano e integrante do Vale do São Francisco, responde, junto com Petrolina (PE), por mais de 90% das exportações de manga e uva do Brasil, produtos diretamente ameaçados pelo aumento das tarifas.
“O tarifaço imposto pelos Estados Unidos ameaça esse ecossistema produtivo, com risco de queda de até 70% nas exportações, o que pode trazer fortes repercussões sociais e econômicas”, explicou Andrei Gonçalves. “Isso significa que qualquer alteração tarifária não é simplesmente uma questão comercial, mas um fator que pode redesenhar cadeias produtivas e influenciar o equilíbrio de toda a região”, destaca o prefeito.
Andrei também avalia que o convite é um reconhecimento da força do interior nordestino na economia global. “Ao ocuparmos esse espaço, o sertão nordestino como um todo demonstra sua força como polo agroexportador e se coloca como voz ativa nas decisões que impactam o comércio global de frutas”, afirmou.
Além disso, para o secretário-executivo da FNP, Gilberto Perre, a aproximação dos prefeitos brasileiros com seus pares norte-americanos, articulada pela FNP, dá forças ao movimento dos municípios em busca de alternativas que mitiguem os impactos econômicos. “É fundamental que os governos negociem o fim desse impasse, levando em consideração as necessidades das cidades”, pontuou.
Enquanto as conversas avançam, Andrei aponta que parte da produção juazeirense já encontra alternativas, seja no mercado interno, seja na conquista de novos destinos internacionais. A expectativa, no entanto, é que o encontro em Oklahoma abra caminhos para reduzir os danos imediatos e fortalecer a rede de cooperação entre cidades.